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Violência midiática e outros fatores de risco de agressão em sete nações
Publicado em 02/09/2025 às 12:43
Resumo
Este estudo examinou a generalidade cultural versus especificidade dos efeitos da violência na mídia sobre a agressão em sete países (Austrália, China, Croácia, Alemanha, Japão, Romênia e Estados Unidos). Os participantes relataram comportamentos agressivos, hábitos de uso de mídia e outros fatores de risco e proteção conhecidos para a agressão. Em todos os países, a exposição a mídias violentas esteve positivamente associada à agressividade. Esse efeito foi parcialmente mediado por cognições agressivas e empatia. O efeito permaneceu significativo mesmo após o controle estatístico de diversos fatores de risco relevantes (ex: criação abusiva, delinquência de colegas), e foi semelhante em magnitude a outros fatores de risco. De acordo com o modelo de risco cumulativo, os efeitos conjuntos de diferentes fatores de risco sobre o comportamento agressivo em cada cultura foram maiores do que os efeitos de qualquer fator isolado.
Introdução
Crianças, adolescentes e adultos em países modernos consomem grandes doses de mídia violenta. Seis décadas de pesquisas revelam que a exposição à violência midiática aumenta a probabilidade de agressão na vida real. No curto prazo, isso ocorre por meio da ativação de cognições agressivas, aumento do afeto agressivo e imitação. No longo prazo, ocorre por processos de aprendizagem que automatizam esquemas relacionados à agressividade, condicionamento emocional e dessensibilização à violência.
Questão central: os efeitos da violência midiática são culturalmente específicos ou gerais? Diferenças culturais significativas existem tanto em padrões de agressividade quanto na forma de uso da mídia. Contudo, os mecanismos sociais e cognitivos básicos que sustentam a agressividade são universais, o que sugere que os efeitos da mídia violenta são similares em magnitude entre culturas diferentes.
Metodologia
Amostras foram coletadas em sete países, totalizando 2.154 adolescentes e jovens adultos, com idade média de 21 anos. Questionários sobre hábitos de mídia, agressividade e fatores de risco foram aplicados presencialmente ou online.
Medidas incluíram:
• Uso de mídia violenta e tempo total de tela.
• Comportamento agressivo (questionário adaptado de Buss & Perry).
• Cognições agressivas (crenças normativas sobre agressão).
• Empatia (subescalas de Preocupação Empática e Tomada de Perspectiva).
vFatores de risco adicionais: parentalidade abusiva, vitimização por pares, delinquência de colegas e viver em bairros violentos.
Resultados principais
1. Uso de mídia violenta esteve associado de forma positiva e significativa ao comportamento agressivo em todos os países estudados.
2. O efeito foi similar em magnitude entre as diferentes culturas.
3. O mecanismo mediador identificado foi principalmente a cognição agressiva, com a empatia exercendo papel secundário.
4. O efeito permaneceu significativo mesmo quando outros fatores de risco foram controlados estatisticamente.
5. O modelo de risco cumulativo mostrou que múltiplos fatores de risco juntos preveem níveis mais altos de agressividade do que fatores isolados.
Discussão
• A violência midiática deve ser considerada um fator de risco comparável a outros já reconhecidos, como violência parental ou vitimização por pares.
• A agressividade é um fenômeno universal enraizado nos mesmos mecanismos sociais e cognitivos, embora influenciado por variações culturais no nível médio de agressividade.
• O estudo fortalece a visão de que a violência midiática exerce impacto real e mensurável, com implicações universais.
Conclusão
As relações entre violência midiática e agressividade generalizam-se entre culturas. O efeito é pequeno a moderado, mas consistente e comparável a outros fatores de risco reconhecidos. O acúmulo de fatores aumenta significativamente a agressividade, confirmando o modelo de risco cumulativo. Portanto, a violência midiática deve ser compreendida como um fator de risco global, exigindo atenção de pesquisadores, formuladores de políticas públicas, profissionais de saúde e famílias.
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